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O Presente em Pensamentos e Sonetos |
Acredito que um dos elementos mais fantásticos e divertidos do livro Deuses Americanos, do escritor inglês Neil Gaiman, é o fato do autor transformar “conceitos” da nossa sociedade, e do nosso mundo, em Deuses. Por exemplo: Como vivemos adorando a televisão, os celulares e computadores e a internet, a Mídia se torna um Deus, pois nós a veneramos diariamente lhe dando o nosso tempo, os nossos esforços, a nossa vida! Se você acha que esse é um conceito absurdo ou fantasioso, então basta constatar quantas pessoas são “dadas” em sacrifício constantemente a essa Deusa a partir do momento em que morremos em acidentes de trânsito ocasionados pelo simples fato de checar as notificações das redes sociais.
Este não é um conceito novo nem para o autor inglês, que já o havia explorado na séria de quadrinhos Sandman, nem em nossa história humana. Desde a antiguidade criamos e adoramos deuses! As forças da Natureza, por exemplo, já tiveram seus momentos de adoração em nosso percurso neste planeta. No entanto todos eles já foram esquecidos, com exceção de um: o Tempo!
Sempre achei que o Tempo seria o próprio Deus de Abraão. Sempre achei que seria ele o Deus dos Deuses imperando inconteste sobre todos os outros deuses. Sempre achei, desde muito cedo, que o Tempo é o deus que expõe claramente a nossa fragilidade humana, e diante dele percebemos que não somos nada.
Por este motivo, mesmo sem querer, veneramos o Tempo, pois, como afirmava o filósofo romano Seneca, "nós desperdiçamos nosso tempo com frivolidades, dando mais valor ao ouro a conquistar, ou conquistado, do que ao bem mais preciosos que temos, o Tempo. Negamos uma moeda a um mendigo, mas oferecemos, distribuímos, gastamos, o nosso valioso tempo com a mais rala interação social ou a mais potente das procrastinações". Então, quando nos damos conta, acabou-se o tempo e nem todo dinheiro do mundo compra mais dias de vida. É ai que imploramos, rezamos e choramos por mais horas, minutos e segundos. Mas a nossa adoração é falha, contraditória, infiel e bandoleira, e este Deus, solitário e universal, é impiedoso!
Autofagia
Corre o Tempo nas linhas da História
como um verso correndo na magia.
Quem será que conduz a trajetória?
Quem será que declama a poesia?
Sente o Tempo desgraça em demasia,
pois na face da Morte há sua glória!
Cada Vida, passada em sangria,
só comprova a perene palmatória:
Vai o Tempo cortando cada hora,
mas o corte lhe fere em sincronismo
demonstrando que faz os seus papéis.
Chora o Tempo sozinho na Aurora!
Sem olhares. Perdido no abismo,
como um Deus esquecido por fiéis!
Clique no link abaixo para ouvir este soneto declamado:
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