terça-feira, 21 de novembro de 2023

Cada Soneto Um Moído - Paraíba

 

O Presente em Pensamentos e Sonetos

Desde que tomei consciência do meu lugar no mundo tive inveja dos Pernambucanos. Eu, como Paraibano, sempre segui na manada que mugia o coro despeitado que dizia: “Recife é ruim demais! Cidade grande, suja, feia! O Povo do Pernambuco é muito besta, se acha demais”!

Horas! Nossos vizinhos disseminam cultura por todo canto e para todo canto. Pernambuco se levanta como um dos maiores celeiros culturais do Brasil. É berço do Carnaval e Pai do Frevo. Gerou artistas como Luiz Gonzaga, João Cabral de Melo Neto, os Irmãos Batistas, só para citar alguns filhos deste ventre tão frutífero. Dessa forma, é normalíssimo que a Paraíba abraçasse o rancor e o despeito ao mirar toda esta riqueza cultural.

No entanto, indo além, a Paraíba se move. Se debate. E na sua inquietude se levanta e ataca, feito uma fera que é acuada. E esse ataque resulta em uma produção que vem banhada de Sangue. Nada aqui é liso, limpo, colorido, brilhoso ou delicado. Não! Aqui na Paraíba a tez da arte é áspera, cheia de espinhos, arranhões e queimaduras. Minha Avó resumiu tudo que estou narrando até aqui em uma frase: “Meu filho, na Paraíba não existe anistia, não”! E é isso que me faz amar a Paraíba cada vez mais: É que você aqui só é bom se você for bom mesmo, não existe meio termo ou conversa fiada. Se você errar, ninguém perdoa. Não há anistia! Em síntese, estes são os sentimentos que sempre percebi ao meu redor enquanto crescia: O artista Pernambucano sempre orgulhoso e vivendo pleno a sua cultura e o artista Paraibano sempre lutando para que sua cultura invada e resida nos corações de seus conterrâneos.

Confesso, que hoje, olhando de cima esse cenário “paraibucano”, não me vejo menor como Paraibano e nem tenho mais aquele sentimento inveja em relação aos nossos vizinhos. Pelo contrário:

Sou da terra de Ariano,
sou a Paraíba do Norte.
Sou Pinto do bico forte
que faz no Repente um dano!
Sou o folheto mais troiano
que Leandro fantasia.
Sou lápis de ventania
que pelo céu escreveu:
Sou da terra onde nasceu
o Cordel e a Cantoria!

Tenho orgulho demais do que nossos artistas produzem e admiro e aprendo demais com o que os nossos propínquos vertem para o mundo. Eles me inspiram! Lembro-me da inquietação que tive quando ouvi a música Leão do Norte, de Lenine e Paulo César Pinheiro. No mesmo momento me questionei por que a Paraíba não tinha uma música linda assim? Logicamente, pesquisando depois vi que temos algumas “músicas de orgulho” tão belas quanto, porém diferentes, com o nosso sotaque, com o nosso sangue. E foi justamente este sentimento de inquietação que me levou a escrever o soneto abaixo.

Este soneto, denominado Paraíba, só tem um intuito: Fazer com que cada Paraibano sinta orgulho de fazer parte de sua terra! Tudo mais que eu possa justificar para composição dele são pormenores. E encerro esse texto afirmando, não para os outros, mas para que eu sempre possa recordar: A Paraíba corre no meu sangue e meu sangue é o que me mantém vivo!

Paraíba

A História, que dizem periférica,

amanhece nas Plagas da Verdade!

Afirmando de vez nossa Trindade,

é cantada na Trova Esotérica:


Somos Mouros, Tapuias da Ibérica;

somos Bantos, Judeus da Cristandade;

Somos desta nação uma beldade,

venerada na Mente mais homérica!


Nosso Chão, comunal e resoluto,

na América, avulta-se primeiro.

Nossa Mão, colossal, de traço astuto,


é quem nina as agruras docemente!

Somos filhos do brilho alvissareiro,

somos a Paraíba, o Sol Nascente!


Clique no link abaixo para ouvir este soneto declamado:








Um comentário:

  1. Parabéns !👏👏👏👏👏meu querido como sempre vc arrasa ♥️

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